DESCRIÇÃO
O sítio arqueológico da Póvoa do Mileu apresenta uma série de edifícios e estruturas existentes por todo o império Romano. A designação de Termas era aplicada aos locais de banhos públicos, espaços que eram sinónimo de vida social e civilização, de higiene e de massagens, de convívio e de cultura, de exercício e até de encontro de negócios.
Pelo seu significado, as termas tornaram-se os edifícios mais característicos das cidades romanas e os banhos eram entendidos como um ritual importante na sociedade.
A partir do séc. I a.C., os edifícios termais foram mesmo um marco da romanização de cada cidade e de cada comunidade.
Mesmo em áreas do interior da Lusitânia e em áreas isoladas do Império, o modo de vida dos romanos foi adotado pelas populações autóctones, existindo termas em diversos locais. Havia ainda a necessidade de transpor o esplendor e aparato das grandes cidades para as áreas rurais, não só nas técnicas construtivas e na tipologia dos edifícios, mas também nos materiais de construção mais luxuosos, como revestimentos a mármore, estuques, mosaicos e pinturas. Assim, poderiam ser criados diversos ambientes de calor e frio, luz e penumbra, deslumbrando os seus utilizadores.
Os romanos defendiam que o corpo devia ser exposto a diversos tipos de temperaturas, acabando por desenhar e construir estruturas termais com diversos compartimentos contíguos, mas independentes e com funções distintas. As Termas romanas do Mileu seguem esta filosofia.
A distribuição espacial, o desenho arquitetónico, a sequência dos compartimentos, os materiais e as tecnologias utilizadas revelam um sistema construtivo muito racional, cuidado e mesmo monumental.
Apesar de afastada dos grandes polos da época, o local das Termas romanas do Mileu, na Guarda, seria já um centro urbano de alguma envergadura populacional, justificando assim a construção destas termas públicas, integrando uma rede de polos urbanos da Lusitânia romana.