A DESCOBERTA
O conjunto histórico da Póvoa do Mileu, implantado numa pequena plataforma sobre o Rio Diz, compreende importantes vestígios de edifícios do período romano, a capela românica dedicada a Nossa Senhora do Mileu e o pequeno cemitério adjacente. Elemento comum a todas estas estruturas é o adro da capela, muito espaçoso, ocupado nos dias de festa por gerações e gerações de romeiros e devotos da padroeira ao longo dos séculos.
O conjunto patrimonial inclui dois elementos patrimoniais classificados como de Interesse Público: a Capela Românica e a estação arqueológica da Póvoa do Mileu, que abrange vestígios desde o período romano à Idade Média.
O sítio romano – de que não havia a mais pequena notícia – foi descoberto acidentalmente em 1951. Nessa altura foram postos a descoberto diversos achados e os compartimentos que Adriano Vasco Rodrigues identificou como sendo as componentes centrais do edifício termal do século I d.C.
As estruturas arquitetónicas descobertas revelaram uma implantação urbana de alguma envergadura. Do mesmo modo, os importantes restos arqueológicos proporcionam um testemunho muito apreciável sobre o modo de vida que associamos à civilização romana. Assim, tudo indica que este sítio tenha tido elevada relevância no quadro da romanização desta região da Província da Lusitânia.
O sítio arqueológico do Mileu foi descoberto acidentalmente em 1951, durante as obras de construção da estrada que faz a ligação entre o Bairro da Estação e o centro da cidade da Guarda, implantada no cerro altaneiro desde o Século XII. A passagem das máquinas permitiu a descoberta de um dos sítios mais enigmáticos da Beira Interior.
Foram então feitos todos os esforços no sentido de salvaguardar os vestígios detetados, tendo sido solicitado parecer e auxílio à Junta Nacional da Educação e à antiga Direcção-Geral do Ensino Superior e das Belas Artes, no sentido de promover a investigação do sítio e o desvio do traçado previsto da estrada.
Os trabalhos desenvolvidos, coordenados por João Manuel Bairrão Oleiro em 1951-52, puseram a descoberto diversas estruturas arqueológicas. Todavia, a verdadeira tipologia dos vestígios arqueológicos encontrados só viria a ser identificada e fundamentada uma década depois, por Adriano Vasco Rodrigues (1962).
Nas décadas seguintes o ilustre investigador estudou este sítio e analisou os materiais arqueológicos descobertos, confirmando a sua proposta inicial, interpretando as estruturas como pertencentes ao hipocaustum de uma uilla romana que, segundo o autor, foi o primeiro identificado em Portugal.
O sítio arqueológico do Mileu foi descoberto acidentalmente em 1951, durante as obras de construção da estrada que faz a ligação entre o Bairro da Estação e o centro da cidade da Guarda, implantada no cerro altaneiro desde o Século XII. A passagem das máquinas permitiu a descoberta de um dos sítios mais enigmáticos da Beira Interior.
Foram então feitos todos os esforços no sentido de salvaguardar os vestígios detetados, tendo sido solicitado parecer e auxílio à Junta Nacional da Educação e à antiga Direcção-Geral do Ensino Superior e das Belas Artes, no sentido de promover a investigação do sítio e o desvio do traçado previsto da estrada.
Os trabalhos desenvolvidos, coordenados por João Manuel Bairrão Oleiro em 1951-52, puseram a descoberto diversas estruturas arqueológicas. Todavia, a verdadeira tipologia dos vestígios arqueológicos encontrados só viria a ser identificada e fundamentada uma década depois, por Adriano Vasco Rodrigues (1962).
Nas décadas seguintes o ilustre investigador estudou este sítio e analisou os materiais arqueológicos descobertos, confirmando a sua proposta inicial, interpretando as estruturas como pertencentes ao hipocaustum de uma uilla romana que, segundo o autor, foi o primeiro identificado em Portugal.
Dois anos após a descoberta do sítio arqueológico, durante as obras de restauro da capela românica, promovidas pela Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais (1954) foi descoberto, sob o pavimento, o torso de uma estátua, em mármore, de grande escala, uma vez que tem 1,25m de altura, o que corresponderia a uma altura total de cerca de 2,5m.
O torso representava uma figura, de armadura de aparato e manto a condizer. Como era prática na escultura romana, a cabeça era esculpida à parte e reintegrada posteriormente no torso, denotando uma produção intensiva na criação de esculturas romanas.
Este fenómeno permitiu a grande difusão e mesmo a popularidade da escultura monumental – nomeadamente da de pendor evocativo, laudatório ou retratístico – identificado em todo o Mundo Romano e, na Península, em particular em Mérida, onde se encontram paralelos para estátuas tão monumentais como a do Mileu (Rodrigues, 1977: 25).
A construção da Capela de Nossa Senhora do Mileu data já da Idade Média e o edifício insere-se numa derivação provincial do Estilo Românico, sendo o monumento religioso mais antigo da região. De dimensões modestas, apresenta uma estrutura arquitetónica muito simples, constituída por dois corpos contíguos um ao outro: uma capela-mor e uma nave única, ambas de planta retangular, unidas por um arco triunfal de perfil já ogival.
O destaque vai para as colunas de sustentação deste arco: os seus capitéis exibem motivos vegetalistas, representações de aves, demónios e uma figura humana. Igualmente dignas de registo são as figurações que decoram a teoria de cachorros que, no exterior da capela, sublinham a cornija superior das duas paredes laterais da capela.
Apesar da sua singeleza, a capela românica da Senhora do Mileu é um exemplar típico da arquitetura religiosa portuguesa da época medieval, na sua vertente paroquial e rural. Como por toda a parte, destaca-se a cobertura apoiada numa estrutura de madeira e, em particular, o uso de blocos graníticos regulares para a edificação dos paramentos, o que proporciona um belo e sólido aparelho, em que se rasgam os típicos portais de acesso.
A construção da Capela de Nossa Senhora do Mileu data já da Idade Média e o edifício insere-se numa derivação provincial do Estilo Românico, sendo o monumento religioso mais antigo da região. De dimensões modestas, apresenta uma estrutura arquitetónica muito simples, constituída por dois corpos contíguos um ao outro: uma capela-mor e uma nave única, ambas de planta retangular, unidas por um arco triunfal de perfil já ogival.
O destaque vai para as colunas de sustentação deste arco: os seus capitéis exibem motivos vegetalistas, representações de aves, demónios e uma figura humana. Igualmente dignas de registo são as figurações que decoram a teoria de cachorros que, no exterior da capela, sublinham a cornija superior das duas paredes laterais da capela.
Apesar da sua singeleza, a capela românica da Senhora do Mileu é um exemplar típico da arquitetura religiosa portuguesa da época medieval, na sua vertente paroquial e rural. Como por toda a parte, destaca-se a cobertura apoiada numa estrutura de madeira e, em particular, o uso de blocos graníticos regulares para a edificação dos paramentos, o que proporciona um belo e sólido aparelho, em que se rasgam os típicos portais de acesso.
As estruturas arqueológicas postas a descoberto durante a intervenção da década de 50 do século XX, bem como aquelas identificadas nas escavações arqueológicas no sítio do Mileu permitiram a identificação de um complexo termal (Edifício A) na faixa ocidental do sítio, de grandes dimensões; um edifício com distintos compartimentos (Edifício B); a nascente, uma área ajardinada (Espaço C) que integra um pequeno tanque de recreio; uma colunata (Espaço D), sobreposta – em parte – por estruturas do Baixo Império e por muros já de Época Medieval.